Dálmatas são cães muito saudáveis. Não há incidência relevante da maior parte das doenças típicas de cães de raça entre eles [1]. São cães de porte proporcional e equilibrado, pelagem sem excesso de dobras, formato da face equilibrada e costumam ser longevos, desde que garantidas algumas condições básicas que se resumem a três aspectos principalmente:
1. Água potável limpa e disponível a todo o tempo;
2. Oportunidade para fazer atividades físicas (caminhadas e corridas com os tutores são sempre muito bem-vindas); e
3. Alimentação com teor razoável de proteínas de origem animal, o que significa que o teor de proteína não deve ser nem baixo, mas principalmente que não seja excessivamente alto. A diante, explicaremos isso.
Há, portanto, dois focos que requerem atenção dos criadores e que se relacionam com tendências genéticas que foram fixadas há muitas gerações [2], tornando necessária uma certa atenção e algum cuidado.
A primeira delas é uma tendência genética que está relacionada ao predomínio da pelagem branca em diversas raças e que se associa ao déficit auditivo. Com relação a esse aspecto, o que se pode fazer e é o que estamos tentando em conjunto com muito criadores da raça: selecionar os cães mais saudáveis disponíveis para a reprodução. Isso naturalmente segue esbarrando na expressão muito ampla dessa característica que está fixada na raça e se expressa em cerca de 30 a 35% de todos os dálmatas. Não obstante esse alto índice, tem-se observado que a seleção criteriosa feita pelos criadores têm apresentado excelentes resultados nesse quesito, como nos mostra o estudo de Lewis, Freeman e De Risio (2019) [2].
Já a incidência de aumento de ácido úrico nos dálmatas é considerada expressiva segundo os registros relativos às características da raça e, embora nossos cães, matriz e padreador, tenham vindo de criadores responsáveis que, assim como nós, estiveram atentos com a seleção voltada à saúde dos cães para a reprodução, tratam-se de tendências genéticas estabelecidas na raça há cerca de 500 anos, de forma que é um risco que não deve ser subestimado, além de poder ser mitigado com uma dieta adequada acompanhada de bastante água potável limpa e passeios frequentes que estimulem o cachorro a fazer xixi. Por essa razão, recomendamos o uso de uma alimentação cuja principal fonte proteica seja de carne branca (aves ou peixes) e que seja também leve quanto ao sódio e demais sais minerais. Quase todas as rações disponíveis no mercado brasileiro cumprem com esses critérios ou têm alguma apresentação alternativa que os preencha. Recomendamos que sejam evitadas as rações com carga proteica elevada. Ainda que possam ser excelentes rações para todos os demais cães, para os dálmatas, são evitáveis.
Em nossa página principal, indicamos uma opção de empresa que mantém parceria com a criação do nosso canil, mas é importante reforçar que praticamente todas as marcas de ração disponíveis no mercado brasileiro oferecem opções de rações com as características necessárias – sem serem aquelas de prescrição veterinária específica. Aqui, trata-se antes de uma conduta preventiva para cães saudáveis.
Os dálmatas são classificados no grupo dos cães farejadores, sendo assim, eles vieram na longa história e ainda são no presente muito utilizados para acompanhar e auxiliar a caça de aves e a pesca. Daí presumimos que carnes de aves (frango, pato) e proteínas oriundas da pesca são excelentes fontes para eles.
Referências indicadas
[1] VASILIADIS, Danae; METZGER, Julia e DISTL, Ottmar – Demographic assessment of the Dalmatian dog – effective population size, linkage disequilibrium and inbreeding coefficients. In: Medicine and Genetics 7:3, 2020. Link: https://doi.org/10.1186/s40575-020-00082-y
[2] LEWIS, Tom, FREEMAN, Julia e DE RISIO, Luisa. Decline in prevalence of congenital sensorineural deafness in Dalmatian dogs in the United Kingdom. In: Journal of Veterinary Internal Medicine 34 (4):1524-1531. 2020. Link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jvim.15776